graça e paz

Família - Igreja Doméstica




A Escola Paroquial, na sexta feira passada, a propósito de São Paulo na sua Carta aos Efésios, abordou o tema da família, dizendo que a família é fundamental para o crescimento das pessoas.

Na longa história da humanidade, a família, para o bem e para o mal, tem sido a pedra fundamental sobre a qual se tem construído a prática das relações que é característica identificativa e tipificante da condição humana.

Três dimensões são importantes na família: espaço, tempo, relação. O ser humano é alguém que se constrói através da ‘palavra’. Por isso precisamos de aprender as linguagens (dos afectos, simbólica, da matemática, da Fé…) com que se dizem as realidades, o mundo, a nossa existência. Aquilo que não somos capazes de traduzir pela palavra não fazemos verdadeiramente nosso. Para que nos assumamos e assimilemos uma realidade nós temos que a dizer.

Esta aprendizagem das linguagens tem de ser feita desde pequenos. Por exemplo, se não se ensina desde pequeninos as linguagens com que se diz Deus como é que mais tarde O hão-de reconhecer! Como perceber a presença de Deus se não sabem a linguagem com que hão-de compreender os sinais da presença e da comunicação de Deus. Ora é na família que se recebem os meios para essa compreensão.

Nós temos na Sagrada Escritura um belo exemplo da importância da ‘Palavra’. Logo na 1ª frase: “No princípio Deus criou os céus e a terra, a terra era informe e vazia. Deus disse: faça-se…” e as coisas começaram a existir, isto é, começaram a fazer sentido. Para que terra ganhe forma e ordem, Deus fala e dá-lhe forma e sentido.

A palavra é criadora e transformadora. É o papel da família na educação dos filhos. É na família que nós aprendemos a memória, que entramos numa tradição viva. Conhecer implica sempre o apelo da memória. E quem não tem memória é um desenraizado. Sem memória não há futuro. A família é a garantia da transmissão da memória. Para nos humanizarmos precisamos de certo tipo de transmissões que nos permita ir adquirindo uma fisionomia tipicamente humana. A qualidade do humano está directamente relacionada com a qualidade do acolhimento e reconhecimento. A família, a sociedade e a religião são estruturas indispensáveis. O ser humano é sempre um herdeiro, alguém que assimila a herança. A memória permite situar-nos numa história concreta que nos é narrada, transmitida. Daí a importância da casa, como espaço humano familiar. É no seio da família que nós aprendemos as diversas linguagens.

São Paulo, a partir do encontro com Jesus Ressuscitado na estrada de Damasco, pela sua palavra e pelo seu viver, percebe que o anúncio do Evangelho só pode ser verdadeiramente consistente, tendo como base uma existência partilhada em comunidade, no espaço doméstico e no espaço público. Depois tinha de haver laços fortes e regulares para que toda a assembleia se mantivesse unida.

As assembleias de toda a Igreja teriam um carácter mais público, enquanto as de casa um carácter mais privado. A Igreja e o crente adquirem uma dimensão pública (1ªCor. 3, 16-17 e 1ªCor. 6, 19) – Somos santuários de Deus. São Paulo pela sua experiência cristã ensina-nos que a experiência ou vivência cristã exige a comunidade.

Hoje as nossas famílias como “Igrejas Domésticas” têm de realizar este itinerário de que nos fala S. Paulo na sua Carta aos Efésios 1,1 a 6,2º. Lede-a.

Termino orando: “Senhor faz com que as nossas famílias se pareçam cada vez mais com a Igreja; tenha Fé em Ti e acolha a tua Palavra.”

Pe. Batalha